Projeto de Lei Complementar 103/2012 destina 10% do PIB para políticas educacionais e estabelece uma série de obrigações para serem cumpridas na área nos próximos dez anos
Fonte: Agência Brasil
Depois de adiamentos seguidos, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE)
aprovou nesta terça-feira (28) o relatório do senador José Pimentel
(PT-CE) com a proposta do Plano Nacional de Educação (PNE). O Projeto de
Lei Complementar 103/2012 destina 10% do Produto Interno Bruto (PIB)
para políticas educacionais e estabelece uma série de obrigações para
serem cumpridas na área nos próximos dez anos.
Depois de reuniões com vários setores da educação, a proposta aprovada
hoje trouxe novidades. Uma delas é a volta da meta intermediária –
aprovada na Câmara – que estabelece que 7% do PIB sejam investidos em
educação. Pelo texto do Senado, essa exigência seria feita a partir do
quinto ano de vigência do plano e a obrigação de 10% só seria exigida a
partir do décimo ano.
O relator também decidiu retirar a exigência de laudo médico para
atendimento educacional complementar de crianças com deficiência,
transtornos de desenvolvimento, altas habilidades ou super dotação.
Nesse caso, Pimentel foi convencido de que essa avaliação deve ser feita
por profissionais de educação.
Além de vincular à educação os royalties do regime de partilha e os de
concessão a partir de dezembro de 2012 , o texto do relatório aprovado
hoje também especifica quais ações o governo federal vai financiar com
os recursos, na rede de educação nacional e internacional. A definição
abrange programas como Ciências sem Fronteiras, Universidade para Todos
(ProUni) e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec), além de instituições filantrópicas.
Ao todo, o PNE tem mais de 200 estratégias e 20 metas audaciosas, entre
elas alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de
idade; erradicar o analfabetismo absoluto; reduzir o analfabetismo
funcional; oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas
públicas de ensino básico; e aumentar o número de professores da
educação básica com nível de pós-graduação lato e stricto sensu.
Como antes de ser votado em plenário o texto ainda precisa passar pelas
Comissões de Constituição e Justiça e de Educação do Senado, a
expectativa é que vários pontos da proposta sofram alterações. Para
Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação –
rede que reúne mais de 200 entidades, alguns pontos avançaram, mas o
debate vai continuar.
A avaliação do movimento é de que a grande perda da proposta, até
agora, diz respeito à não inclusão da implementação do Custo
Aluno-Qualidade Inicial no PNE. Os defensores do instrumento consideram
que ele é fundamental como referência para o financiamento da educação e
para alterar formas de financiamento da educação no Brasil. O MEC tem
dúvidas em relação ao instrumento naquilo que se refere à
responsabilidade de transferência de recursos da União para estados e
municípios.
Sobre a possibilidade de inclusão do mecanismo no texto, o senador José
Pimentel foi taxativo. “Se nos fizermos isso na lei geral, nós não
teremos as contribuições [sobre o mecanismo] estadual, municipal e
federal que vão ser feitas nas conferências de educação que vão
acontecer até o fim do ano”, justificou.
Com o apoio do Ministério da Educação, a coordenação da campanha
pretende resgatar o texto que estabelece que em dez anos, todas as
crianças até 8 anos de idade, ou que estejam no terceiro ano do ensino
fundamental, saibam ler e escrever.
"O Senado reduziu [essa meta] para 6 anos e pedagogicamente, em termos
de desenvolvimento de políticas de educação, isso é muito ruim”,
avaliou, Daniel Cara.
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